Six Cherokees of the London Flying Club, London, Ontario, Canada, as they appeared in 1979-1980. Also four ficticious military schemes - just for fun. Repainted by Ken Ettie




São 07:00 da manhã de um sábado no Campo de Marte, zona norte da cidade de São Paulo.
No setor E, está localizado o Aeroclube de São Paulo onde os alunos e sócios, começam a preencher a ficha de chegada deixando seu nome e horário de chegada.
No balcão de operações de vôo, preencho meu nome e aguardo me chamarem assim que um Cherokee estiver disponível.
De imediato, escuto o Helf me chamar para comparecer na operações de vôo. Após os cumprimentos, recebo em mãos as chaves do PT-IZO e seu livro de reportes. O qual foi lido sem preocupações, já que além de estar ok, foi feita a revisão de motor.
Enquanto inicio o check pré-vôo, o instrutor, o Marcelo escolhido por mim, vai analisando minha ficha de instrução.
Após realizar o check pré-vôo, volto a sala de operação onde realizarei um briefing com o Marcelo.
No briefing, combinamos que iremos até a Fazenda Irohy (SDIH) pelo corredor India, faremos alguns toques e arremetidas, faremos algumas manobras novas e voltaremos pra Marte.
Estando tudo ok, preencho corretamente a notificação de vôo e a bordo do PT-IZO, enquanto o Marcelo checa óleo, gasolina, etc, chamo o Solo Marte:
-Solo Marte, bom dia, Papa Tango India Zulu Oscar.
-IZO, prossiga.
-IZO no pátio do Aeroclube notificou Irohy, instruções acionamento e taxi.
-IZO, pista em uso 30, altimetro 1014, livre acionamento, chame pro taxi.
-Pista 30, 1014, chamara pro taxi, Oscar.
Como é o primeiro vôo do IZO no dia, injeto 3 vezes o primer e após travo-o.
Area da hélice livre, giro a chave até magnetos em ambos e acordo os 140 cavalos que empurram o nosso amigo.
-Solo Marte IZO, pronto pro Taxi.
-IZO, livre taxi, acuse pronto no ponto de espera Torre Marte em 118.70.
-Livre taxi, 118.70 no ponto de espera Oscar.
Enquanto levo o IZO para a cab. 30, vou admirando todo o Campo de Marte, o hangar da Policia Militar, que acabar de receber um chamado, a Sala AIS, a oficina do Aeroclube, o hangar Salgado Filho até que vejo a TWR.
Assim que vou me aproximando da posição 2 da cab. 30, não posso deixar de ver os carros que passam poucos metros atrás da cerca quadriculada que passam pela Av. Santos Dumont e vejo também alguns entusiastas, alguns convictos amantes da aviação, colados no alambrado da Avenida, admirando o nosso Cherokee.
Liberada a decolagem, vou levando nosso amigo pra posicao 3.
-Bussola com pista, transponder em Alt, avião freado, potência máxima, mínima 2200RPM, instrumentos faixa verde e libero o Cherokee em sua corrida.
A 75mph, realizo a rotação e o IZO ganha graciosamente os céus.
Com velocidade em 90mph, realizo a subida.
A impressão que se dá, é que não passaremos por cima do morro da Casa Verde.
Mas é só impressão, logo ganhamos altura suficiente e logo aos 2900' (500'de altura) realizo o check pós-decolagem e vou levando nosso amigo em direção ao Corredor India com ascenção p/ 3500'.
Vou admirando a bela São Paulo do alto e logo estamos no través do metrô Itaquera.
São Paulo vai ficando pra trás quando o Controle SP nos manda reportar Palmeiras visual com Irohy.
Passados alguns minutos, estamos em cima da bela represa Palmeiras, que na minha opinião, deveria receber outro nome :-).
Frequencia livre, passamos por Suzano, Mogi até surgir em nosso para-brisa, Biritiba Mirim, a cidade onde fica localizada a Faz. Irohy (SDIH).
Través da cab., check pré-pouso.
-Bomba e farol ON, mistura Rica, motor em 2000RPM, compenso pra 90mph.
Giro a base, aplico 10º descendo 300' com motor em 1800RPM e logo ingresso na final, aplicando 25º de flape.
Vou ajustando a rampa e na certeza do pouso, tiro todo o motor.
Vou trazendo o IZO na ponta dos dedos pro arredondamento até que colo o manche, o IZO não resiste e deixa de voar tocando o solo.
Imediatamente recolho os flapes, potência máxima e iniciamos a arremetida.
O barulho é forte com o impacto dos pneus tocando os buracos na pista de terra.
Chega, precisamos parar de deixar nosso amigo sofrer e faço a rotação com 75mph.
Marcelo me parabeniza pelo pouso e realizaremos mais 3 ou 4 desses e retornaremos pra Marte.
Feitos os outros toques e arremetidas, VMC, 180º na lateral, na vertical e 360º na vertical, vamos regressando a Marte.
O Cherokee voa bem, responde bem aos comandos, sobe maravilhosamente bem, um exímio charme da aviaçao. Agora entendo essa paixão das pessoas pelo Cherokee. Só voando pra saber.
Pouco a pouco, a cidade de São Paulo vai surgindo em nosso para-brisa e a minha esquerda vejo toda a radial Leste. Não pude deixar de olhar e soltar um sorriso ao ver o Shopping Tatuapé, local onde conheci minha namorada.
De longe, avistamos Marte quando o Controle SP nos passa pra TWR Marte.
-Torre Marte, bom dia, PT-IZO procendente de Irohy, passou través Itaquera instruções pouso.
Para minha felicidade, Marte ainda opera a cab. 30.
É maravilhoso pousar na 30. Pois passaremos bem baixo na Av. Santos Dumont, aquela onde fica atras da cerca da cab. A nossa direita surge o Carandiru, cruzamos a linha do metrô, estamos bem baixo, uns 40 metros apenas acima da cidade. Em rápidas olhadas sem perder a atenção no pouso, vejo muitas pessoas nas ruas, de cabeça erguida, olhando o nosso querido IZO engolir casas, prédios e ruas enquanto vem pra pouso.
Motoristas de carros parados no farol da Av. Santos Dumont, acompanham de perto o belo cruzamento do IZO a 15 metros de altura apenas.
O Cherokee pousa bonito, ops....deixei flutuar um pouco....corrigi e novamente o Cherokee desiste de voar e toca o solo.
No regresso para o Aeroclube, enquanto o instrutor Marcelo abre a porta para ventilar, vou admirando novamente o famoso Campo de Marte.
Assim que saímos da taxiway pro pátio do Aeroclube, vemos o rapaz que nos guia para o corte.
Lentamente vou me aproximando dele, acompanho as asas do nosso IZO pra ver se não esbarra com tantos outros Cherokee's e aviões pertencentes ao Aeroclube São Paulo, quando tudo ok, corto a mistura, desligo equip. elétricos e master e magnetos off, travo os comandos e coloco a capa do tubo de pitot.
É com extrema tristeza e felicidade, que vejo que nosso vôo acabou.
Enquanto vou retornando com Marcelo para a sala de operações de vôo, entregar as chaves do IZO e realizar o de-briefing; vem em minha mente a certeza de que só voando um Cherokee pra saber esta paixão sem controle que outras pessoas tem por essa bela aeronave.
Assim como fica gravado em rodando em diversos replay em minha mente, a excelente instrução realizada pelo Aeroclube São Paulo, além de voar sobre a Terminal mais movimentada da América Latina e a enorme São Paulo.
Realizado o de-briefing, me despeço do Marcelo, do Helf, do Ribeiro, do Pasquale, do La Porta, do Fechio, do Faria, do Robinson, do Krasuki, do Josper, do Jaen e tantos outros instrutores e amigos meus do Aeroclube SP; quando me vejo na portaria do Aeroclube embaixo do PT-DHC. Mais um Cherokee estático pendurado em estrutura de ferro, mostrando a todos que passam pela Av. Olavo Fontoura, a magnífica beleza e harmônica que é dotada essa aeronave, realizando de vista, um simpático convite a seu comando.
Como tenho que ir até o metrô carandiru, resolvo ficar alguns minutos lá, junto daqueles homens, rapazes e meninos colados no alambrado da cerca da cab. 30, acompanhando toda a movimentação do Campo de Marte. Fico alguns minutos, quando vejo mais um avião na final....quem bom!!!! (sorri) é um Cherokee. Vou acompanhando junto com outros rapazes, segundo a segundo, o pouso do IZR, outro Cherokee do Aeroclube SP. Sorrindo a toa junto com outros rapazes depois do pouso, um deles comenta que ele chegou alto.
Ficamos ali grudados no alambrado e eu me imerso em meus profundos pensamentos me questionando a paixão minha e de tantos pela aviação e também pelo Cherokee. Quando vejo no sorriso humilde e sincero soltado em um daqueles meninos e depois o meu, a resposta encontrada por toda essa paixão.

Mandato - Daniel Mandato Alves